domingo, 28 de agosto de 2016

Antologia poética

Poesia 

Quando não esperas nada
não esperas nada

Quando não esperas nada
tudo acontece

Quando não esperas nada
o nada é certo

quando não esperas nada
das leis do verso

Quando não esperas nada
por que esperavas?

Quando não esperas nada
lembras fantasmas

Quando não esperas nada
o som concreto

do poema cresce e tu recebes
lição de nada em tudo

e recomeças


António Carlos Cortez, Linha de fogo, Editora Licorne, p. 39

Aparentemente, fala-se de poesia. O título assim sugere. Os versos reforçam a sugestão: "Quando não esperas nada / o som concreto // do poema cresce (...)"
Ora,
Viver também é poesia...





domingo, 7 de agosto de 2016

Provavelmente alegria...

« (...)
Já os ventos recolheram
Já o verão se nos oferece
Quantos frutos quantas fontes
Mais o sol que nos aquece
(...) »

José Saramago, "Alegria", in Provavelmente alegria

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A voz do mar...

«Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. 
Da minha língua vê-se o mar. 
Da minha língua ouve-se o seu rumor, como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. 
Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.»



Nota: Excerto de um discurso lido pelo escritor em Bruxelas, em 1991, na cerimónia em que lhe foi atribuído o prémio Europalia.