quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ler a meias... através do tempo...

Hoje, na E B 2.3 Conceição e Silva, o desafio era mediar leitura em duas turmas de 6º ano, pegando no lema do Mês das Bibliotecas Escolares 2012: «Biblioteca, uma chave para o passado, presente e futuro.»
Para mim, era ponto assente percorrer as três eras:
  • Passado: livros manuscritos, com iluminuras; livros impressos e encadernados a couro; contos tradicionais, provérbios e lendas...; clássicos, nomeadamente de um passado recente... Património oral e papel. Alguns objetos em desuso, tais como a cassete ou a velhinha disquete (que já ninguém reconheceu)!
  • Presente: variedade de autores, mais ou menos jovens, e múltiplos suportes: livros, e-readers, computadores... CDs, DVDs, pen...
  • Futuro: uma incógnita. Os autores deixam-nos a sua obra, mas quais deles continuarão a ser publicados e lidos? Uma coisa se sabe: os contos tradicionais permanecerão. Em livro ou e-book"O futuro a Deus pertence", diz o Povo. Neste caso, depende ainda dos homens e das tecnologias...
Criar uma caixa-mistério, com uma gaveta para cada época, foi uma solução prática e engenhosa que suscitou o interesse geral.
O apelo à imaginação foi feito com a ajuda de Manuel António Pina: 

Basta imaginar, 
um pássaro para o aprisionar,
e depois imaginar o ar para o libertar
e imaginar asas para ele voar
e imaginar uma canção para ele cantar.


A imaginação dos jovens ganhou asas ao tentarem adivinhar o que era aquilo que ali estava tapado... O mistério foi-se desvendando à medida que cada gaveta foi aberta... 
E ao mesmo tempo desfiaram-se leituras, histórias sobre os autores e sua época e muitas conversas... Mais não porque eram só 90 minutos!   
Os jovens presentes tinham fama de agitados. A verdade é que se deixaram seduzir... Renderam-se à  curiosidade... Desfrutaram do prazer de ver, ouvir contar, escutar excertos, antecipar finais...
Quais as obras? 
Esclareço que fiz sugestões muito diversas: para leitores e não leitores, para quem gosta de humor ou de temas mais sérios... Ei-los (poucas diferenças houve, de turma para turma): 
  • Afonso Cruz, Os livros que devoraram o meu pai, Caminho
  • Álvaro Magalhães, O livro que se lê de olhos fechados, ASA
  • António Torrado, A nau Catrineta, Civilização
  • Ilse Losa, A minha melhor história, Editora Nova Crítica (ou O mundo em que vivi, Afrontamento)
  • José Fanha, A namorada japonesa do meu avô, Gailivro
  • Manuel António Pina, O pássaro da cabeça, A regra do jogo
  • Miguel Sousa Tavares, O planeta branco, Oficina do livro
  • Pinto & Chinto, Contos para meninos que adormecem logo a seguir, Kalandraka
  • Sophia de Mello Breyner Andresen e Pedro Sousa Tavares, Os ciganos, Porto Editora
Sophia encantou a plateia, com o seu conto recentemente publicado. Sem termos lido o final escrito pelo seu neto Pedro Sousa Tavares, Os Ciganos deixaram sementes de escrita.
Foi muito gratificante esta manhã, passada na minha escola e na minha biblioteca!
(Notícia aqui.)

Nota final: Acabei ontem de fazer, na Biblioteca Municipal de Palmela, uma formação de cerca de 6 horas, Maletas itinerantes  - valor educativo-pedagógico, a qual me ajudou na preparação desta sessão. Sem dúvida que a solução das gavetas me resolveu o problema logístico do entrecruzar de várias eras... 
Agradeço aos seus organizadores: RBE, SABE de Palmela, Serviço Educativo do Museu Municipal de Palmela e ENA. E, em particular, à "Xana das Gavetas".
(Fui pesquisar informação sobre a Xana. Aqui está!)


5 comentários:

BE/CRE disse...

Manuela,

parabéns pelo teu trabalho voluntário na mediação de leitura e também pelas belas sugestões/informações de obras literárias, que vais postando no teu blogue!

Um grande bem haja e beijo amigo,
da Feli

BE/CRE disse...

Manuela,

parabéns pelo teu trabalho voluntário na mediação de leitura e também pelas belas sugestões/informações de obras literárias, que vais postando no teu blogue!

Um grande bem haja e beijo amigo,
da Feli

Anónimo disse...

Com uma caixa de surpresas tão mágica, só falta a Varinha do Harry Potter.
Parabéns pela criatividade em prol das crianças.
Joaquim

Anónimo disse...

Como sempre gosto de te vêr no teu gratificante trabalho com os jovens. Com o que descreves aprendo, sobretudo, fico a conhecer "obras" que não conheço.
Gostei do pouco que escreveste do António Pina. É bastante profundo no que transmitiu.
Ainda bem que és voluntária na leitura andarilha. Isto, é teu.
Beijos, Josefina

Manuela Caeiro disse...

Trabalhar com os meninos é muito gratificante. Não o é menos saber que os meus bons amigos Feli e Joaquim e a minha querida tia Josefina seguem o meu trabalho e me estimulam a prosseguir com os seus simpáticos comentários. É a minha vez de vos responder: bem hajam!