Ler, citar, contar, escrever... Partilhar experiências de mediação de leitura e de vida...
terça-feira, 21 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Tempo de poesia: "moaxahas"...
Moaxaha para os dias escuros
Às vezes o dia nasce-me escuro
e sinto contristada que para mim não há futuro
Tento então abrir os olhos à criança que ainda sou
e dizer-lhe que os caminhos aonde vou
fui eu quem os abriu, os adubou, e os plantou
– que os alicerces da minha casa estão firmes, e seguros
e que há portas de ouro abertas nos seus muros
Portas e vidraças por onde triunfante o sol penetra
escrevendo e musicando os meus dias letra a letra
tornando-os imortais como os templos em Petra
– para quê tantos e tão tristes sentimentos inseguros
se plantei a minha casa em chão indómito e maduro?
Amor ei!
Myriam Jubilot de Carvalho
Foto: Manuela Caeiro
- O que é uma moaxaha?
- Como se constrói?
- Respostas no blogue da Autora:
- Aceitas o desafio da CML de criar uma moaxaha dedicada à Lisboa dos nossos dias?
- Para conheceres a iniciativa, saberes prazos, etc, consulta:
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
A casa de férias de "O Senhor Valéry"
«O senhor Valéry tinha uma casa sem volume onde passava férias. A porta e uma fachada eram as únicas coisas que existiam.
- Nos dois sentidos se pode entrar e sair - dizia o senhor Valéry, todo contente.
Ele gostava da sua casa de férias.
Melhor só mesmo uma casa com quatro portas, em quadrado, sem nenhuma parede.
O centro a restar como o único sítio onde se pode estar sentado.
O senhor Valéry fez um desenho.
-Evitarei perder-me em compartimentos - dizia. Só existirão portas. É que só consigo repousar se não tiver que decidir nada, e para que isso aconteça é indispensável não existirem opções. Parece-me lógico.
-É um sonho que eu tenho, esta casa - murmurava o senhor Valéry. - Seriam as férias perfeitas.»
O senhor Valéry é um dos moradores do seu bairro... Solitário, reflexivo e cheio de ideias e atitudes lógicas... ou talvez ilógicas?!... É um filósofo!...
Os seus vizinhos são também curiosas personagens de outros tantos livros de Gonçalo M. Tavares.
Imagina!
- Nos dois sentidos se pode entrar e sair - dizia o senhor Valéry, todo contente.
Ele gostava da sua casa de férias.
Melhor só mesmo uma casa com quatro portas, em quadrado, sem nenhuma parede.
O centro a restar como o único sítio onde se pode estar sentado.
O senhor Valéry fez um desenho.
Chamou-lhe: a casa das quatro portas juntas.
Entra-se por qualquer lado e é sempre igual. É esta a casa de férias que eu quero - dizia o senhor Valéry.-Evitarei perder-me em compartimentos - dizia. Só existirão portas. É que só consigo repousar se não tiver que decidir nada, e para que isso aconteça é indispensável não existirem opções. Parece-me lógico.
-É um sonho que eu tenho, esta casa - murmurava o senhor Valéry. - Seriam as férias perfeitas.»
Tavares, Gonçalo M., O Senhor Valéry, Caminho, 2008, 4ª ed, pp. 27-28
Desenhos de Rachel Caiano
Os seus vizinhos são também curiosas personagens de outros tantos livros de Gonçalo M. Tavares.
Imagina!
Etiquetas:
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