sábado, 28 de julho de 2012

Antologia - Credo...

A casa se fez vela, aconchegada nos braços do vento, alongou o olhar e vogou em demanda do Tejo... e da poesia.

Creio nos anjos que andam pelo mundo

creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro, 
creio na carne que enfeitiça o além,

creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. amém.

                                                                       Natália Correia

2 comentários:

joaquim disse...

Creia quea obra da Natália é um grande veleiro para navegar sem sair de casa.
Realço o poema:
“Queixa das almas jovens censuradas”
Recordo o livro:
“Não percas a rosa”
Realço a grande alma de mulher culta e corajosa
Zécarioca

Manuela Caeiro disse...

Subscrevo esta opinião!... Aproveitei para ir ouvir o José Mário Branco e reler a "letra" da canção. Também não dissocio Natália Correia de uns inesquecíveis versos "de escárnio", bem humorados, que escreveu, enquanto se discutia na Assembleia da República o aborto ou o alcoolismo... Concorde-se ou não, é certo que era mulher de convicções, combativa, corajosa e com o dom da palavra! Falta mais gente assim!