sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eu queria ser como a Guidinha...

Deixei passar muito tempo sem nada escrever e muita coisa aconteceu... Agora tenho tanto que contar que na verdade nem sei por que ponta lhe hei-de pegar...
Realmente eu queria ser como a Guidinha que escrevia de um fôlego, misturava tudo com ingenuidade e sarcasmo, defendia os seus pontos de vista e fazia críticas a torto e a direito, com ironia e graça, como se não fosse nada com ela...  Lembro-me que a lia mal apanhava o jornal (que tenho ideia que era o Diário de Notícias, mas talvez nem fosse...)... Só sei que era a minha leitura preferida, em tempos de ditadura e lápis azul, quando aprendíamos a ler nas entrelinhas...
Queria saber imitar a Guidinha, tirando aquela coisa da falta de pontuação... Assuntos para abordar e relacionar não me faltariam: eu podia falar dos novos livros que li... ou do novo disco do Sérgio Godinho..., com mútuo consentimento, claro!..., da mão cheia de netos que vão crescendo e me preenchem de orgulho e de afetos..., das férias em setembro (pugnando por um novo direito merecido) ou então de novos sonhos e projetos que se vão expandindo neste mês de outubro..., mas neste caso estou a ouvir o  Alexandre O' Neill a avisar-me (ou a zombar): "Não fales da vidinha!"... e alto!... 
Mas isto não me faz desistir: afinal eu até sou daquelas que se interessam por tudo e também por nada e consigo falar alto e sem parar... Ainda assim, que pena!, estou muito aquém de ser uma pessoa "insaciável e louca", como exortava o genial Steve Jobs, a quem presto homenagem. 
Podia falar da política internacional e da nacional..., da solidariedade da Europa e da falta dela..., ou de gentes que lutam pelos direitos humanos, já agora aproveitando para dar os parabéns às três premiadas com o  Nobel da Paz: as liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, hoje mesmo distinguidas pela sua luta pacífica em nome dos direitos das mulheres, como li no Público online
Podia aludir à economia nacional que nos empobrece dia a dia..., mais às agências de rating que nos atiram para o lixo, mas, a sério, não me sinto particularmente informada e vendo bem é melhor estar atenta aos anúncios de cortes nas despesas do Estado e nas receitas dos cidadãos, fora todos os aumentos que havemos de pagar, as privatizações ao desbarato e os benefícios que já suspeitamos que se vão evaporar... 
Queria falar, e com justiça, de tantos anónimos heróis da vida que lutam levando-a de vencida... E lembrar que, como parafraseava George Orwell, «todos os homens são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros»... 
Bem se vê: se eu fosse a Guidinha, teria pano para mangas para uma redação excelente... Falta-me a sua visão e ingénua lucidez...; falta-me fluidez; falta-me sobretudo a graça mordaz e o génio de Sttau Monteiro.
Eu tanto queria ser como a Guidinha!... 

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode faltar alguma coisa, ninguém é completo nem perfeito. Mas não lhe falta o orgulho de ser Guidinha lutadora, professora.
Parabéns para todas as mulheres, simbolizadas nestas 3 senhoras. E não é por acaso a sua cor de caju. Alerta para a precariedade, como sobrevivem as populações. A falta de liberdade a sério, com diz o Sérgio Godinho. A falta de paz, pão, saúde, educação…
Que todas as Guidinhas se orgulhem, que eu como homem me envergonho!