terça-feira, 30 de novembro de 2010

Língua Portuguesa e Fernando Pessoa...

«A minha pátria é a língua portuguesa» é afirmação, sobejamente conhecida, de Fernando Pessoa; descontextualizada, obviamente.
Estive há dias no II Congresso da Língua Portuguesa, realizado ao longo de dois intensos dias, no Instituto Piaget de Almada
Vindos dos quatro cantos do Mundo da Lusofonia, escritores, jornalistas, sociólogos, cientistas, professores, políticos, economistas... integraram os diversos painéis em que se debateu a diversidade e universalismo da língua, a sua difusão nos media e no ciberespaço, o seu uso nos grandes espaços linguísticos e económicos, especificando-se o seu valor económico, o seu peso na Ciência e na Literatura, os seus poetas, o seu ensino... venturas e desventuras. E o acordo ortográfico foi repetidamente citado, a talho de foice, ora contra ora a favor, evidenciando-se que este se vai tornando mais consensual. 

Eis o texto de Fernando Pessoa de onde foi extraída aquela citação (com referência ao Padre António Vieira), tal como Pessoa o escreveu, respeitando as regras ortográficas do seu tempo - diferenças que não afectam a nossa compreensão.
(Faz hoje 75 anos sobre a sua morte.) 
"Não chóro por nada que a vida traga ou leve. Há porém paginas de prosa que me teem feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noute em que, ainda creança, li pela primeira vez numa selecta, o passo celebre de Vieira sobre o Rei Salomão, "Fabricou Salomão um palacio..." E fui lendo, até ao fim, tremulo, confuso; depois rompi em lagrimas felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquelle movimento hieratico da nossa clara lingua majestosa, aquelle exprimir das idéas nas palavras inevitaveis, correr de agua porque ha declive, aquelle assombro vocalico em que os sons são cores ideaes - tudo isso me toldou de instincto como uma grande emoção politica. E, disse, chorei; hoje, relembrando, ainda chóro. Não é - não - a saudade da infancia, de que não tenho saudades: é a saudade da emoção d'aquelle momento, a magua de não poder já ler pela primeira vez aquella grande certeza symphonica.
Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha."

O iPad da Apple chegou até nós





É hoje notícia: a Fnac e a Worten começaram a vender o iPad da Apple.
Sabe-se que permite escutar rádio e aceder à Internet, bastando escolher o modelo pretendido. 
Contam que já fez diminuir a venda de portáteis, por ser pequeno e leve. Noticiam que os preços variam entre €499,00 e €799,00 e que não se registam filas, nos pontos de venda. Anunciam que os meios de comunicação social preparam conteúdos (pagos) para o iPad e que esperam aumentar, assim, o número dos seus leitores.
Não há que temer o fim dos livros ou dos jornais. Todos os suportes, afinal, concorrem para um mesmo objectivo: acesso a informação, promoção da leitura. 
Segundo os editores, um e-book tem um custo de produção menor do que o livro em papel, excepto quando inclui conteúdos e actividades que implicam o trabalho de uma equipa multidisciplinar - uma tendência que se expande. 
Acrescidos aliciantes para captar jovens leitores... 

A notícia está aqui.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Música e poesia

Fui revisitar a voz de um conhecido cantor do país vizinho: Paco Ibañez. Vi-o por segundos no documentário José e Pilar e ficou-me a vontade de o ouvir mais longamente... 
Lúcido e irreverente, cada canção sua é um poema de intervenção. Mais de quarenta anos a cantar... e só a idade mudou...
 



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cinema: José e Pilar

O filme José e Pilar abriu o DocLisboa 2010, teve uma ante-estreia a 16 de Novembro, no dia do 88º aniversário de nascimento de José Saramago e está desde então em cartaz, em diversas salas de cinema nacionais. 
Vi-o há dois dias, sem um desvio do olhar... 
Senti-me emocionada pela ilusão de penetrar no quotidiano do casal; pela simplicidade com que nos é relatado o seu ritmo intenso de vida; pela dimensão humana de cada um, Homem e Mulher..; pelo amor que ressalta daquela união, finda mas infinita... Pela viagem a Lanzarote e a A Casa...; pela beleza da fotografia e da música do vento... Pela tenacidade com que José concluiu A viagem do Elefante e com que Pilar terminou a respectiva tradução, no mesmo dia... Por me identificar com todo aquele desejo de viver a vida, aproveitar todo o tempo disponível..., repousar e prosseguir, sem cessar... Por concordar com tantas das posições ali assumidas e defendidas...
Saí com desejo de rever o filme... e, sobretudo, de conhecer melhor a obra do nosso Nobel de Literatura
José Gonçalves Mendes conviveu com José Saramago e Pilar del Rio durante quatro anos e a gravação de 240h deu lugar a este documentário com um décimo de duração - realista, poético, sóbrio, imperdível.

domingo, 21 de novembro de 2010

Arte...

Matisse, pintor francês (1869-1954) - visto por Philip Scott Johnson, através da sua arte digital.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Com vários livros debaixo de olho...

Foi ontem, em Sesimbra. A Comunidade de Leitores adolescentes reuniu-se pela primeira vez.
Pela manhã, só havia notícia de três inscrições: metade do mínimo previsto!.. Mesmo assim, fui. E à hora marcada, dez jovens se apresentaram no local combinado: uma aluna de 7º ano e nove do 8º, de três turmas diferentes. Por acaso, cinco rapazes e cinco raparigas.
Vejam bem se eu tivesse desanimado e desistido!...
Calculem como fui apanhada de surpresa!...
Começámos pelas apresentações. Pelos objectivos desta actividade. E pelo perfil de leitor de cada um...
Um grupo muuuuuuuito heterogéneo...
Há os que gostam de aventuras, de Banda Desenhada e humor; os apaixonados pelo romance fantástico e os que optam por biografias e textos realistas, nomeadamente o romance histórico; há mesmo quem eleja os autores clássicos... e os amantes da poesia. E lêem!...  Livros e autores que souberam nomear: O planeta branco, de Miguel Sousa Tavares; a História de uma alma, de Álvaro Magalhães; os 7 volumes de Harry Potter...; O Diário de um banana ou livros de José Rodrigues dos Santos...; há mesmo quem esteja a ler o Dom Quixote de Cervantes!...
Com a apreensão de quem já não sabia se fizera uma boa escolha, apresentei-lhes então os livros cuja leitura eu lhes iria propor... e, para meu alívio, senti que a motivação foi crescendo...
Nova surpresa: três quartos de hora depois, tivemos de acabar a sessão que duraria 90 minutos. O que me impediu de concluir o trabalho: a votação dos livros preferidos..., a decisão do 1º livro a lermos...
Solução de recurso: cada um concluir a sua leitura em curso e divulgar esse livro na próxima sessão.
Uns correram para a camioneta; outros para o Clube de Teatro ou para o Clube de Vólei... Quem não tinha pressa correu para a mesa dos meus livros, folheou-os, apontou títulos... Querem ir à Biblioteca Escolar ou à Biblioteca Municipal requisitá-los... (A Professora Bibliotecária já recebeu pedidos, esta manhã.)
Jovens activos, empenhados...
Um simpático grupo que promete...
Um horário a rever...
Vim satisfeita!




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mar...

Cresci junto ao mar, vivo perto do mar, o meu nome mergulha no mar (Maria... e-por-aí-fora...) O mar evoca em mim sensações, recordações... Fascina-me.
Ora o mar representa muito mais, sabemo-lo: é memória de epopeia histórica, lazer, vida, sustento, energia... por isso mesmo lhe foi dedicado um dia: 16 de Novembro. 
É hoje o Dia Nacional do Mar.
Comemoro-o com este e outros instantes fotográficos... que podem ser vistos aqui e ali...


E comemoro-o com poesia:
Atlântico
Mar,
Metade da minha alma é feita de maresia.
Sophia, Poesia, Caminho, 2007, 6ª edição, p.12


domingo, 7 de novembro de 2010

Gosto de ler...

...como dizem ali ao lado, nuestros hermanos...